Thonny Anderson sobe de cabeça, escora para trás e irrompe em direção à área, à espera da combinação entre Ramiro e Jael e da pifada do centroavante. A bola se aninha em seus pés, e o jovem arma o chute… Apenas para deixar sentado o zagueiro rival com um corte seco, que abre caminho para a finalização com o pé esquerdo habitual. E para escrever a história com o gol mais rápido dos mais de cinco anos de Arena, anotado aos 25 segundos da vitória por 3 a 0 sobre o Novo Hamburgo, pela 9ª rodada do Gauchão.
Era só o prenúncio de uma noite de gala vivenciada pelo garoto aos olhos da torcida. Camisa 10 às costas, estreia no estádio gremista, pressão de livrar o Tricolor da lanterna do estadual… Nada disso impediu que o jovem de 20 anos encantasse e desse razão à decisão tomada por Renato Portaluppi na noite anterior.
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Antes mesmo de brilhar na Arena, Thonny teve seu nome incluído na lista de 30 inscritos na Libertadores, enviada pelo Grêmio na sexta-feira. Um prêmio merecido, que começara a ser esculpido na atuação anterior, quando já havia marcado o gol da equipe na derrota por 2 a 1 para o Veranópolis.
Neste sábado, o meia-atacante não só marcou o gol mais rápido da história da Arena, como regeu a equipe ao longo de uma primeira etapa de luxo, com dribles, jogadas de efeito e muita precisão em passes e em cruzamentos. O camisa 10 cobrou escanteio na cabeça de Michel, que mandou na trave, e falta na medida para Paulo Miranda – o zagueiro não conseguiu aproveitar. Depois, ainda teve participação direta no tento de Michel, ao cruzar para Jael dar a assistência, mesmo pressionado por três rivais.
– (Atuar na Arena foi) Do jeito que sonhei. A equipe está de parabéns, agora é ir buscando a vitória para o Grêmio sair dessa situação. Os mais velhos me passaram bastante confiança. Eu fico feliz (com a marca). Não tinha conhecimento desse feito. Estou aqui para ajudar o Renato onde precisar, centralizado ou de 9. O meu cartão de visitas foi o jogo contra o Veranópolis, mas o de hoje foi com vitória – disse ao passar pela zona mista.

O batalhão de repórteres disposto a pegar ao menos uma palavra na saída de campo causou até certo espanto ao garoto. Antes de rumar aos vestiários, Thonny brincou que mal conseguia ouvir as perguntas, dado o burburinho crescente por sua presença à beira do campo. Ali perto, minutos mais tarde, na sala de imprensa da Arena, Renato Portaluppi encheu seu atleta de elogios. Mas também revelou que o jovem tardou a aparecer no time, a ponto de ficar no banco no elenco de transição, devido aos “quilos acima” com que se apresentou ao clube.
– É um atleta de qualidade grande, fazia tempo que não jogava. Ele perdeu um pouco de peso, chegou uns quilos acima. A gente foi conversando, trocando ideias, vendo qual a melhor posição pra ele. Mas a qualidade técnica dele é muito boa. Jogador tem de estar preparado pra receber oportunidades e tem de corresponder – disse o técnico.
Antes de despertar todo o holofote pela atuação na Arena, o talento de Thonny atraiu os olhos do Grêmio na negociação que envolveu ainda a chegada de Alisson e a saída de Edílson ao Cruzeiro. Nas tratativas, o Tricolor analisou nomes tarimbados, como Sassá e Rafael Sobis, oferecidos pela Raposa. Mas optou pelo garoto com base em dois critérios, além da habilidade: o potencial de evolução e a oportunidade de ter uma opção jovem a Luan no elenco.
– Acabamos de ver um jogador extremamente promissor. Ele pode dar muito mais do que deu. O Grêmio tem interesse numa política de juvenalizar o plantel. O Grêmio buscou na negociação, após vários jogadores oferecidos. O Sassá, o Sobis. Nos fixamos em um jogador promissor. Não tínhamos um jogador daquela característica, daquela posição. O Douglas está em recuperação. O Luan às vezes pode não ter um jogador para substituí-lo – ressalta o mandatário.
Thonny soma três jogos e dois gols com a camisa do Grêmio. O atacante tem vínculo com o clube por empréstimo até o final do ano. Há, porém, a opção de compra ao término do contrato – algo que deve ser realizado, com a evolução na sequência do ano.