Dentro de campo, o Gre-Nal 416 ficou limitado a um duelo entre o ataque do Grêmio e a fortaleza defensiva montada pelo Inter. As chances de gol foram raras durante os 90 minutos, e o clássico da tarde de sábado, pela quinta rodada do Brasileirão, ficou no 0 a 0 diante de 50 mil pessoas, na Arena. Mas o que se encaminhava para uma noite monótona esquentou nos vestiários, com troca de farpas, confusões e ironias de lado a lado.
A semana Gre-Nal começou pesada para o lado vermelho. Após perder para o Flamengo no último domingo, o Inter mergulhou na crise, ampliada pelo bom momento do maior rival, que havia marcado 10 gols em dois jogos. Na quarta-feira, torcedores protestaram contra direção e jogadores no Beira-Rio. Nico López foi alvo de cobranças em uma agência bancária. O vice de futebol Roberto Melo viu o prédio onde mora ser vandalizado, e faixas apareceram em alguns pontos de Porto Alegre com reclamações à cúpula colorada na madrugada seguinte. Na quinta, o elenco se refugiou em um resort de Viamão, na Região Metropolitana
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Clássico 416 foi pegado, mas de poucas chances de gol (Foto: Wesley Santos/Agência PressDigital)
A intranquilidade vermelha contrastava com a paz azul. Em meio ao turbilhão no maior rival, o Grêmio chegava às quartas de final da Copa do Brasil após bater o Goiás com reservas por 3 a 1. O indicativo era de favoritismo total ao Tricolor para o clássico, apesar de refutado pelo clube. Mas Gre-Nal é Gre-Nal. Após ver a estratégia defensiva dar certo na Arena, o volante Rodrigo Dourado foi o primeiro a desabafar pelo Inter.
– Se (o Grêmio) tivesse amassado, teria ganhado da gente. O time deles está numa grande fase, vieram no oba-oba, pensaram que iam dar um chocolate na gente. Fizemos uma estratégia muito boa que o professor Odair passou. Não criamos tanto, mas não sofremos também – disse o volante.
“Viemos para cá com uma situação que seria 5 a 0, 7 a 0. Não há jogo jogado. Cada jogo tem uma história”. (Odair Hellmann, técnico do Inter)
O técnico Odair Hellmann também aprovou o sistema tático adotado na casa do rival. Contudo, acima disso, fez questão de elogiar o comprometimento dos jogadores, que assimilaram a vontade de dar uma resposta após a semana tumultuada. E sobrou alfinetada.
– Quero falar que o grupo de jogadores foi comprometido ao longo da semana, mesmo com as cobranças. Houve jogadores com lesões que pediram para jogar. Se sentiram mal, mas mesmo assim ficaram à disposição. Isso mostra o comprometimento com a causa. Viemos para cá com uma situação que seria 5 a 0, 7 a 0. Não há jogo jogado. Cada jogo tem uma história – declarou o comandante colorado
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Odair alfinetou chance de goleada gremista na Arena (Foto: Ricardo Duarte / Internacional / Divulgação)
No auditório da Arena, Renato Gaúcho não deixou barato. Comparou a postura do Inter à de um “time pequeno”, por se manter fiel ao movimento defensivo. Ao passo que admitiu falhas na finalização de seu time e citou defesas do goleiro Danilo Fernandes, colocou lenha na fogueira das polêmicas.
– O Internacional fez um ferrolho em frente à área. Nem sempre vamos conseguir furar o bloqueio. Foi um time grande de primeira divisão contra um de segunda divisão. Se fosse torcedor do Internacional, não estaria satisfeito com a postura. Mas estão no direito deles – disparou.
“É a realidade de quem ve futebol. Não tenho nada que ver com que forma o Internacional tem de jogar. Pode jogar do jeito que quiser, mas joga como time pequeno. Mas está em seu direito”. (Renato Gaúcho, técnico do Grêmio)

Sinalizador é atirado ao gramado no último lance do Gre-Nal, que termina com agressões
Luan e D’Alessandro, que ficou fora da partida por um desconforto na coxa esquerda, levaram uma confusão do gramado até a sala do teste antidoping. No campo, o argentino acertou um soco no atacante. Na parte interna da Arena, o jogador tricolor não quis deixar barato e foi atrás do gringo. Os seguranças dos clubes tiveram de intervir para evitar mais briga. Mas D’Ale não escapou das palavras do presidente Romildo Bolzan Júnior.
– Eu acabei de ver a imagem. Um jogador que é reincidente, provocador, arruaceiro, vai ao campo, dá problemas e dá um soco no adversário. Você quer que eu diga o quê? O árbitro nem isso viu. Estava com um problema oftalmológico – disparou o mandatário do Grêmio.
– Respeito muito o Grêmio, o presidente Romildo, mas chamar o D’Alessandro, um dos maiores líderes e jogadores da história do Rio Grande do Sul, de arruaceiro é um exagero. Era o Romildo o presidente quando o Edílson desferiu três socos no (Rodrigo) Dourado (no empate em 0 a 0 em 2016) e não o chamou de arruaceiro.
Além de todas polêmicas que envolveram as duas equipes, os gremistas soltaram o verbo contra o árbitro Wilton Pereira Sampaio. Na opinião deles, teriam ocorrido três pênaltis na partida, todos negados pelo juiz. Ainda, um torcedor jogou um sinalizador no campo, acabou agredido pelos próprios tricolores e saiu da Arena suspenso de qualquer atividade em estádios pelas próximas 15 partidas.
O clássico 417 será disputado somente no dia 9 de setembro, no segundo turno do Brasileirão, quando o técnico gremista Renato Gaúcho completará 56 anos. Motivos para a vitória de ambos os lados não faltarão. Mas, a julgar pelo que ocorreu na Arena, o duelo no Beira-Rio já começou.