O maestro do Grêmio enfim retornou. Após 504 dias afastado dos jogos, Douglas vestiu a camisa tricolor na vitória por 3 a 0 sobre a Chapecoense, pelo Brasileirão de Aspirantes, na fria noite de terça-feira. Esteve em campo durante 85 minutos, participou ativamente do primeiro gol e saiu ovacionado pelos quase mil gremistas presentes no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo, ao lado de Alisson, que também voltou de lesão.
Cercado por seguranças, o camisa 10 deixou o estádio em seu próprio carro, sem conceder entrevista, e levou consigo um rendimento acima do esperado. E também um recado: aos 36 anos, pode ajudar – e muito – o Tricolor no segundo semestre.
O meia será opção para Renato Gaúcho a partir do retorno do calendário, após a Copa do Mundo. E uma alternativa e tanto em meio a uma série de partidas decisivas. Por isso permaneceu em Porto Alegre, em treinamento, enquanto o elenco principal ganhou folga. A amostragem pequena em sua volta inspira confiança.
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Douglas e Alisson voltaram a jogar nesta terça (Foto: Rodrigo Fatturi/Grêmio)
– A sensação é maravilhosa. Depois de 500 dias, poder jogar, estar em campo, fazer o que eu gosto. Estou tentando desfrutar da melhor forma possível. A molecada está um pouco ansiosa, vai naquela correria. Às vezes, a gente não consegue acompanhar. A gente tenta orientar da melhor forma. Fisicamente, estou bem, 100%. Vim treinando forte, a gente aprimorou bastante – disse Douglas, no intervalo da partida, para o Esporte Interativo.
Douglas apareceu em campo, não só figurou. O primeiro passe a tentar, uma bola vertical para Alisson pela direita, foi errado. O estádio irrompeu em aplausos e gritos de “vamos, Douglas”. Ao menos a ousadia estava de volta, e o público parecia com saudade. Esse movimento já deu a dica do que o camisa 10 pode entregar ao time mesmo no banco de reservas. Desde sua lesão, o Grêmio não tem alguém com a sua característica de passe fora do lugar comum, exceção feita ao capitão Maicon.
Movimentou-se pela faixa central como de costume, embora com uma clara restrição colocada pelo tempo ausente, mas superou as expectativas do técnico Thiago Gomes. Antes mesmo de receber a bola, já tinha decidido o que fazer e geralmente o passe ia para fora da zona de pressão, encontrando algum companheiro livre. Não “pifou” ninguém no seu retorno, mas cobrou a falta que gerou o gol de Kaio, o primeiro do 3 a 0.
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– Achei acima do esperado, em todos os sentidos. O campo estava molhado, a drenagem segura, mas a grama estava pesada. Estava com a ideia de tirar eles (Douglas e Alisson) um pouco antes, combinei que eles iriam ser o termômetro, me dizer como estava indo. Estava toda hora chamando e eles falando que iriam 90 minutos. Sinceramente, no nível físico, sobraram dentro de campo. E tecnicamente não precisa nem falar, jogaram muito – comentou Gomes após o jogo.
Mais do que desempenho, Douglas também ajudou com orientações. Capitão, foi líder já durante a semana, na preparação. Na partida, também demonstrou essa faceta ao conversar muito com os garotos para explicar movimentações. Antes do jogo iniciar, deu um demorado abraço no técnico da Chapecoense, Emerson Cris, e depois teve papo ao pé do ouvido com Pepê.
“Douglas ajudou muito ao longo da semana. Ele nos dá possibilidade de orientar mais os jogadores, fica muito mais fácil para o técnico ter um jogador com tanta experiência como ele”. (Thiago Gomes, técnico do Grêmio sub-23)
Douglas voltou a jogar com o time de transição gremista após um ano e quatro meses afastado do futebol. Sua última partida ocorreu em fevereiro de 2017. Rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo em um treinamento e passou por cirurgia. Quando estava prestes a retornar, em outubro, foi detectado um problema no enxerto e a necessidade de nova cirurgia, com mais uma recuperação longa.