Em um 2018 que teve praticamente 10 meses para esquecer, Michel precisou de apenas 90 minutos para voltar a sorrir. Um ano após ficar fora do momento decisivo da Libertadores pelo Grêmio, o volante ressurgiu na noite de terça-feira e coroou a superação de três lesões seguidas com o gol mais importante da carreira. Justamente na semifinal, que perdeu em 2017.
O jogador de 28 anos foi a surpresa e o artífice da vitória por 1 a 0 sobre o River Plate no Monumental de Núñez que coloca o Tricolor com um pé em mais uma final da competição continental. “Plantado” à frente da área, resguardado por Maicon e Cícero, o camisa 5 foi um dos responsáveis por controlar as investidas argentinas na noite passada.
“Sem dúvida, sem dúvida (o gol mais importante na carreira). Ainda mais no Monumental. É especial”
Aos 16 minutos do segundo tempo, adiantou-se à marcação do River para cabecear o cruzamento de Alisson no fundo da meta de Armani. Fechava-se ali um ciclo de cinco meses de sofrimento, com uma bagagem nada agradável a um atleta de futebol.
– Passou um filme desses cinco meses, três lesões seguidas. Para um jogador profissional, isso é muito raro. Tive paciência e tranquilidade para passar por cima disso tudo. Trabalhei, esperei a oportunidade reaparecer e fui feliz – disse Michel na zona mista do Monumental de Núñez.
No final de setembro de 2017, o meio-campista precisou passar por uma artroscopia no menisco do joelho esquerdo. O procedimento o tirou da equipe exatamente antes do primeiro jogo da semifinal da Libertadores, contra o Barcelona, em Guayaquil. De lá para cá, foram poucas partidas e visitas frequentes ao departamento médico
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Michel dedica gol a primo que “profetizou” lance — Foto: Lucas Uebel/Grêmio/Divulgação
O volante sofreu uma lesão muscular em maio deste ano, voltou das férias com o problema agravado e, no primeiro teste para voltar ao time principal, machucou o tornozelo pela equipe de transição. O retorno de fato se deu somente no último sábado, no empate em 1 a 1 com o América-MG, pelo Brasileirão.
– O Michel voltou com força total. É merecedor de tudo isso. Teve uma lesão de menisco nessa fase (semifinal) e soube esperar essa oportunidade novamente e, um ano depois, está retomando essa chance. Fico feliz com ele – comentou o goleiro Marcelo Grohe.
“O Michel foi muito importante no ano passado. Neste ano teve lesões, mas sempre nos ajudou e continuará nos ajudando. Não só pelo gol hoje, mas pela importância na equipe” (Renato Gaúcho)
A surpresa de Michel contra o River foi guardada a sete chaves pelo Grêmio. Pois a ideia de Renato utilizá-lo existia desde antes do duelo com o Coelho. O desempenho no Independência serviu apenas para o treinador ter mais convicção da escolha do volante, ampliada pela confirmação da ausência de Luan.
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Michel foi o melhor em campo na partida em Buenos Aires — Foto: Lucas Uebel/Grêmio/Divulgação
– Na hora do pênalti contra o América, o Renato me chamou no lado do campo e perguntou como estava. Falei que muito bem. Disse que estava pensando em me utilizar na terça-feira. Se pesasse a perna, era para pedir para sair. Consegui jogar até o final. Só que a gente não esperava essa lesão do Luan. Fui feliz nessa trinca de volantes – acrescentou Michel.
O gol e a boa atuação podem fazer o volante retomar a condição de titular na reta final da temporada. Com a vantagem do 1 a 0, Renato não precisará montar uma estratégia desesperada para garantir a classificação à final, no jogo de volta, na Arena. E Michel estará pronto para, quem sabe, vivenciar a decisão de Libertadores que perdeu um ano atrás.