Se em campo, apesar das perdas recentes de peças fundamentais, o Independiente foi coroado com um título internacional do tamanho da Copa Sul-Americana, fora dele vive um momento conturbado. Às vésperas de enfrentar o Grêmio, um dos cinco grandes clubes da Argentina está envolvido além das páginas esportivas, com investigação da Justiça sobre a conduta do presidente do clube, Hugo Moyano, e polêmicas públicas com o mandatáio do país, Maurício Macri, ex-dirigente do Boca Juniors.

Presidente Hugo Moyano (D) posa ao lado do filho, Pablo (Foto: Divulgação/Independiente)

Presidente Hugo Moyano (D) posa ao lado do filho, Pablo (Foto: Divulgação/Independiente)

À frente do Rojo desde 2014 e reeleito para mais quatro anos em dezembro, Moyano é também secretário-geral do sindicato dos caminheiros da Argentina e figura influente na política, a ponto de discutir publicamente com Macri. Atualmente, divide seu tempo nas manchetes entre a investigação movida contra ele no Independiente por lavagem de dinheiro e a convocação de uma greve da sua categoria, dia 22. Na noite anterior, o Rojo entrará em campo em Porto Alegre, na partida de volta da Recopa.

– Só nos informaram que estão nos investigando. Eu não lavei nada. A qualquer momento, vão acusar a minha velha de 100 anos – disse Moyano para a Cronica TV.

Apesar de tangenciarem em alguns momentos, os dois assuntos são distintos. A investigação no Independiente envolve uma suposta cessão de ingressos para a torcida revender antes da final da Sul-Americana, contra o Flamengo, segundo o repórter do Diário Olé, Favio Verona. Os recursos iriam financiar a viagem da “barrabrava” para a Copa do Mundo da Rússia.

“Tudo está sendo investigado. Neste momento, todas as situações foram golpes duros para o clube em um momento que estava se reposicionando. Tem que esperar o curso das investigações”. (Favio Verona, jornalista do Olé)

Ainda é apurada suposta lavagem de dinheiro por parte de Hugo e seu filho, Pablo, entre o sindicato e o clube. Já o líder de torcida Pablo “Bebote” Álvarez está preso desde outubro por tentar extorquir do técnico Ariel Holan uma quantia para o mesmo fim – o treinador chegou a ficar sob proteção policial por conta disso.

– Tudo está sendo investigado. Neste momento, todas as situações foram golpes duros para o clube em um momento que estava se reposicionando. Tem que esperar o curso das investigações. Dentro de sete dias deve chegar o resultado da perícia dos computadores retirados do estádio – explica Verona, do Olé.

Técnico Ariel Holan teria sido vítima de tentativa de extorsão por parte de torcedores (Foto: Fred Gomes / GloboEsporte.com)

Técnico Ariel Holan teria sido vítima de tentativa de extorsão por parte de torcedores (Foto: Fred Gomes / GloboEsporte.com)

Recentemente, Álvarez concedeu uma entrevista ao canal TyC Sports e revelou um novo capítulo da abordagem feita pelos barrabravas a Holan, que quase culminou na saída do técnico vitorioso do Rojo. O torcedor afirmou que a intimidação ao treinador foi a pedido do presidente, algo pouco levado em conta pelo comandante do elenco, que respondeu em entrevista coletiva. Junto do “hincha” foi detido um ex-vice do clube, Noray Nakis.

– Eu não ouço nada disso porque está nas mãos dos advogados e da Justiça. O show não é meu. Ele terá sua defesa, o clube a sua e eu a minha – disse Holan.

A perícia nos computadores retirados da sede do Independiente deve ter seu resultado em uma semana. Um prazo que bate com a greve geral dos caminhoneiros convocada por Moyano – em alguns veículos, como o Clarín, o chamamento é tido como político. Ele tem desavenças com o presidente Mauricio Macri e ambos trocam farpas publicamente. A disputa envolve reformas trabalhista e previdenciária, além de discussões sobre salários e diminuição dos custos da logística rodoviária do país, nas mãos do presidente do Rojo por conta do seu comando do sindicato.

No fim do ano passado, após o título, o técnico Ariel Holan decidiu deixar o clube por conta da pressão sofrida na saída de um treino. Os torcedores da barrabrava teriam abordado o treinador em busca de dinheiro, algo negado por Holan. O comandante só aceitou renovar o contrato por conta de garantias de que sua segurança não estaria em risco.



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