(Foto: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio)

São apenas seis rodadas do Campeonato Brasileiro. Mas o campo já deu um recado claro para o Grêmio: é preciso aumentar o repertório ofensivo. Isso pode parecer estranho em uma equipe considerada a melhor da América, com goleadas no currículo em 2018. Entretanto, são quatro pontos desperdiçados em dois 0 a 0 consecutivos, contra Inter e Paraná, este último no domingo, no Durival Britto. Adversários com a mesma estratégia para brecar o Tricolor.

As semelhanças entre os dois jogos são claras. Tanto Inter quanto Paraná congestionaram a faixa central. Os 11 jogadores atrás da linha da bola, retraídos, e com a intenção de contra-atacar. Dão a posse de bola ao Grêmio – nas duas partidas, quase 70% para os gaúchos. Renato se incomodou com tal postura, a julgar pelas suas entrevistas, mas não passa de um claro sinal de respeito dos adversários (e também uma estratégia que já se mostrou efetiva). O empate impediu o Grêmio de dar um salto na tabela – se vencesse o Paraná, estaria com 11 pontos, com Corinthians e Palmeiras.

– No momento que pega o adversário fechado, vai criar poucas chances se não fizer o gol. Tem que estar mais focado na oportunidade para poder fazer o gol. Sempre difícil enfrentar essas equipes na casa deles. O Paraná tem um campeonato à parte, contra o rebaixamento. O do Grêmio é outra história, briga pelo título. Vamos encontrar vários desta forma. Temos que procurar sair da retranca e aproveitar as oportunidades. Quando aparecer, tem que fazer – pediu Renato.

– Precisa ser mais cirúrgico, criou no Gre-Nal e agora, mas não foi feliz em converter as chances. Passa em matar o jogo na hora certa. Se saísse o primeiro gol, saíriam mais, o adversário ia ter que se abrir – opinou o diretor de futebol Alberto Guerra.

Na partida contra o Paraná, Luan manteve seu perfil ativo, mas não esteve bem tecnicamente e segurou tempo demais a bola. Para furar retrancas coletivamente, uma das situações mais comentadas pelos treinadores é a velocidade para trocar passes. Toques lentos facilitam a marcação do adversário, seja ele quem for.

Na última sexta-feira, Renato trabalhou a construção de jogadas saindo dos volantes Maicon e Jailson até chegar aos laterais ou meias pelos lados. O treinador mesmo já percebeu a necessidade de ajustar algumas características. Neste treinamento, organizou cruzamentos. Lance semelhante ocorreu no jogo, com levantamento de Ramiro na cabeça de Lima, defendido por Thiago Rodrigues.

Renato também orientou uma virada de bola rápida, a partir de um lançamento longo de Maicon ou Jailson. Também ocorreu no jogo, mas poucas vezes. Na maioria das jogadas ofensivas, o Grêmio manteve a posse de bola a partir de toques curtos laterais e sem risco.

– A gente observou eles nos vídeos. Contra as outras equipes eles saíram mais e, infelizmente, mudaram tudo. Recuaram bastante, ficaram fechados e foi difícil de furar a defesa a deles. Agora é pensar no próximo jogo. Infelizmente a gente saiu com um empate, a gente queria os três pontos, mas um empate fora de casa não é nada mal – opinou Lima.

O volante Maicon, especialmente, é quem mais quebra essa lógica. Põe passes milimétricos às costas da defesa. Funcionou em uma ou outra oportunidade, mas é um recurso que precisa ser mais utilizado. Cícero, diferente de Jailson, tem essa característica de um toque mais longo e pode ser importante em jogos contra rivais fechados. Ele entrou, mas ficou apenas 20 minutos em campo. Com mais tempo, haveria a chance de realizar o lance mais vezes.

É um fato a dificuldade do Grêmio contra adversários com essa proposta. Cada vez mais, isso será replicado a partir de agora. Rivais farão isso dentro da Arena, por exemplo, como ocorreu com o Inter. Ou mesmo em casa, como fez o Paraná e como deve fazer o Ceará, adversário no próximo domingo. O próprio técnico gremista percebeu isso ao trabalhar durante a semana alternativas. Os quatro pontos não voltarão, mas podem deixar a lição para evitar mais desperdício.



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