O apelido nasceu quase como uma galhofa com o cabelo do então aspirante a profissional do Grêmio, à época com 18 anos. Mas cresceu à medida que o garoto evoluiu na carreira até conquistar a torcida com 19 gols na temporada, a ponto de despertar sondagens de gigantes da Inglaterra. Everton virou Cebolinha de fato pelas mãos dos ilustradores da Turma da Mônica e com a aprovação mais que especial do criador dos quadrinhos, Mauricio de Sousa.

A equipe da RBS TV foi a São Paulo visitar os estúdios da Mauricio de Sousa Produções para acompanhar o processo de desenvolvimento do desenho. Dos primeiros traços à pintura, o Everton em versão gibi recebeu todos os cuidados e detalhes de suas feições e características além do cabelo, como as tatuagens.

“Este estúdio é o lugar certo para o Everton, ou melhor, o Cebolinha se alçar mais ainda junto ao público. Parabéns, Everton!” (Mauricio de Sousa)

A caricatura do camisa 11 do Grêmio foi criada pelo diretor de animação Zé Márcio Nicolosi. No esboço, veio a ideia de comparar as ações do personagem às do jogador. Assim, desenhou o gremista com a bola no pé e o coelho de estimação da Mônica, o Sansão, repleto de nós nas orelhas. Segundo ele, trata-se de uma referência aos dribles de Everton que “amarram” os adversários.

– O coelhinho é o símbolo da força da Mônica e, quando o Cebolinha tem o Sansão, a primeira coisa que faz é dar nó nas orelhas. É o fato consumado do Cebolinha verdadeiro. Então, o Everton entorta os adversários. Talvez seja essa a função dele como jogador – diz Nicolosi.

Everton com o desenho da Turma da Mônica  — Foto: Beto Azambuja

O trabalho da equipe de Mauricio de Sousa foi minucioso. Além do cabelo, o atacante teve uniforme e até as tatuagens estudadas. Tudo para garantir a fidelidade ao atacante gremista, como revela o editor de arte Mauro Henrique Costa de Souza.

– O uniforme do Grêmio é conhecido, mas eu fui atrás de detalhes, como as estrelas, calção, meia. A gente procura não ser tão rigoroso, mas buscamos umas informações que as pessoas identifiquem rapidamente. Fui dar uma olhada na chuteira que o Everton estava usando, por exemplo. Achei o resultado do desenho super bacana – conta Paulo Henrique, que precisou de cerca de duas horas para colorir a imagem.

“Espero que possa bolar um plano bem infalível para conseguir vários títulos” (Everton)

Futebol e quadrinhos

Everton entrou para um seleto grupo de jogadores de futebol que ganharam vida em desenhos feitos por Mauricio de Sousa ou por seus colaboradores. Nada menos que PeléRonaldoRonaldinhoMaradona e Neymar receberam homenagens junto à Turma da Mônica. O “pai” do Cebolinha trata a lista como “fantástica”.

– O Everton faz parte de um grupo fantástico, que começou com Pelé, teve Ronaldinho, Ronaldinho Gaúcho… Além disso, joga um bolão! Está indo muito bem e é ligado a um personagem meu. Fico feliz de estar mexendo com desenho e craques de futebol – disse Mauricio de Sousa.

Mauricio de Sousa é o criador da Turma da Mônica — Foto: Reprodução / RBS TV

Mauricio de Sousa é o criador da Turma da Mônica — Foto: Reprodução / RBS TV

Na tarde de segunda-feira, Everton recebeu as equipes do GloboEsporte.com e da RBS TV no CT Luiz Carvalho, em Porto Alegre. O desenho foi entregue em um envelope especial da Turma da Mônica. Aprovou-o ao primeiro olhar, com um sorriso no rosto.

– Muito fera, bacana! Fico feliz por essa homenagem. Está realmente bem parecido. As tatuagens, o cabelo igual. É uma honra muito grande. É para poucos esse privilégio, agora tenho também. Agradeço ao Maurício e a todos que fizeram isso – elogiou.

Pará, o “pai” do apelido

O apelido do Cebolinha foi dado pelo lateral-direito Pará, em 2014. À época com 18 anos, ainda um aspirante a profissional do Grêmio, Everton treinou pela primeira vez com o grupo principal. O companheiro viu o moleque de cabelos espetados e não teve dúvida em chamá-lo pelo personagem dos quadrinhos. No início, o atacante ficou incomodado, mas depois aceitou.

Em 2014, Everton recebeu o apelido do lateral-direito Pará — Foto: Lucas Uebel/Grêmio/Divulgação

Em 2014, Everton recebeu o apelido do lateral-direito Pará — Foto: Lucas Uebel/Grêmio/Divulgação

– Óbvio que eu não gostava, mas é assim que apelido pega. Mas já me acostumei, até os adversários estão me chamando assim. O professor Renato chama às vezes, dá uma confundida na cabeça dele, não sabe se chama Everton ou Cebolinha (risos) – explica Everton.

A Turma da Mônica, aliás, fez parte da infância do jogador, que não deixava de ler os gibis. Hoje, ele recebe vários Cebolinhas de crianças que vão à Arena. Os presentes ganham a companhia da filha, Sofia, de quatro meses.

– Esses presentes que ganhei foram todos de crianças, com excessão da minha namorada, que no início do relacionamento me deu um Cebolinha de presente. Fica uma marca, o futebol com os desenhos. Fico feliz – encerra Everton, ou melhor, o Cebolinha.



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