A Arena explodiu em festa com a vitória do Grêmio por 1 a 0 sobre o Lanús, na última quarta-feira, pelo jogo de ida da final da Libertadores – mesmo com dirigentes, jogadores e o técnico Renato Poraluppi envoltos em revolta com a arbitragem, diga-se. As reclamações com a atuação do árbitro Júlio Bascuñan, em especial por não ter assinalado pênalti sober Jael no último lance da partida, tomaram conta do vestiário. E só não foram mais cítricas pela vantagem mínima e valiosa obtida dentro de casa.

O GloboEsporte.com revisitou as 57 finais anteriores da competição continental para dimensionar o peso histórico do triunfo por um gol de diferença como mandante para definir o campeão da América.

Ao todo, 17 finalistas abriram a série decisiva com uma vitória por um gol de diferença dentro de casa – mesmo placar obtido pelo Grêmio (veja mais na tabela abaixo). Do montante, 10 confirmaram o resultado positivo com o título, ao passo que outros sete clubes conseguiram reverter o revés por 1 a 0 como visitante com o apoio da torcida no jogo da volta em casa. Na matemática, o time que venceu o primeiro jogo por 1 a 0 como mandante sagrou-se campeão em 58,8% das vezes.

Cícero e Geromel comemoram o gol da vantagem valiosa do Grêmio (Foto: Lucas Uebel/Grêmio)

A última equipe a se sagrar campeã com um triunfo simples dentro de casa no jogo de ida foi o Vélez Sarsfield, em 1994, que conquistou a Libertadores nos pênaltis sobre o São Paulo, há 23 anos. Desde então, duas equipes de Cali, na Colômbia, o América e o Deportivo, perderam para River Plate e Palmeiras, em 1996 e em 1999.

Se levados em conta não só os triunfos em casa, mas também os times que venceram o jogo de ida por um gol de diferença como visitante, a estatística favorece um pouco mais à equipe de Renato Portaluppi. São 25 triunfos simples. Do total, as equipes que venceram o jogo de ida com o placar mínimo – seja como mandante ou fora – obtiveram 17 títulos. Ou seja: ergueram a taça em 68% das vezes.

Entre mandantes e visitantes, apenas oito times conseguiram reverter a derrota por 1 a 0 no jogo da volta. O único que conseguiu dar a volta por cima após um revés dentro de casa foi o Olímpia. Após eliminar o Grêmio em uma polêmica disputa de pênaltis na semifinal, os paraguaios saíram perdendo para o São Caetano em casa, mas venceram o jogo da volta e foram campeões nas penalidades.

Os mandantes arrancaram com um resultado positivo em 30 das 57 finais disputadas na Libertadores – independentemente do saldo de gols. Destes, 19 sagraram-se campeões, ao passo que 11 perderam a taça na casa dos adversários. Vale lembrar: até meados dos anos 80, a competição era definida com um jogo de desempate em caso de uma vitória para cada lado.

As 17 finais com vitória por um gol dos mandantes

Edição Jogo de ida Jogo de volta Jogo de desempate* Campeão
1960 Peñarol 1 x 0 Olímpia Olímpia 1 x 1 Peñarol Peñarol
1961 Peñarol 1 x 0 Palmeiras Palmeiras 1 x 1 Peñarol Peñarol
1963 Santos 3 x 2 Boca Juniors Boca Juniors 1 x 2 Santos Santos
1965 Independiente 1 x 0 Peñarol Peñarol 1 x 0 Independiente Independiente 4 x 1 Peñarol Independiente
1968 Estudiantes 2 x 1 Palmeiras Palmeiras 3 x 1 Estudiantes Estudiantes 2 x 0 Palmeiras Estudiantes
1970 Estudiantes 1 x 0 Peñarol Peñarol 0 x 0 Estudiantes Estudiantes
1971 Estudiantes 1 x 0 Nacional-URU Nacional-URU 1 x 0 Estudiantes Nacional-URU 2 x 0 Estudiantes Nacional-URU
1974 São Paulo 2 x 1 Independiente Independiente 2 x 0 São Paulo Independiente 1 x 0 São Paulo Independiente
1975 Unión Española 1 x 0 Independiente Independiente 3 x 1 Unión Española Independiente 2 x 0 Unión Española Independiente
1977 Boca Juniors 1 x 0 Cruzeiro Cruzeiro 1 x 0 Boca Juniors Boca Juniors 0 (5) x (4) 0 Cruzeiro Boca Juniors
1981 Flamengo 2 x 1 Cobreloa Cobreloa 1 x 0 Flamengo Flamengo 2 x 0 Cobreloa Flamengo
1985 Argentinos Juniors 1 x 0 América-COL América-COL 1 x 0 Argentinos Juniors Argentinos Juniors 1 (5) x (4) 1 América-COL Argentinos Juniors
1988 Newell’s 1 x 0 Nacional Nacional-URU 3 x 0 Newells Nacional-URU
1992 Newell’s1 x 0 São Paulo São Paulo 1 (3) x (2) 0 Newell’s São Paulo
1994 Vélez 1 x 0 São Paulo São Paulo 1 (3) x (5) 0 Vélez Vélez
1996 América-COL 1 x 0 River Plate River Plate 2 x 0 América-COL River Plate
1999 Deportivo Cali 1 x 0 Palmeiras Palmeiras 2 (4) x (3) 1 Deportivo Cali Palmeiras

* Quando necessário

E na história do Grêmio?

O Tricolor conquistou seus dois títulos da América em chaveamentos e enredos distintos. Com Renato Portaluppi e o lendário número 7 às costas em 1983, o Grêmio empatou com o Peñarol em 1 a 1 no jogo de ida, em Montevidéu, e bateu os uruguaios por 2 a 1 no Estádio Olímpico para conquistar a Libertadores pela primeira vez. Depois, em 1995, os gremistas comandados por Felipão aplicaram 3 a 1 no Atlético Nacional em casa e arrancaram o empate em 1 a 1 no Atanasio Girardot para erguer o bi.

O retrospecto na competição continental, aliás, anima. O Grêmio largou com vantagem em 13 disputas de mata-mata na Libertadores. Do montante, só acabou eliminado de dois. Em 1996, o Tricolor aplicou 1 a 0 no América de Cali no Estádio Olímpico, mas acabou derrotado e eliminado da semifinal com a derrota por 3 a 1 no jogo da volta. Depois, em 2013, a equipe de Vanderlei Luxemburgo venceu o Independiente Santa Fe por 2 a 1 em casa, mas caiu com o revés por 1 a 0 na Colômbia.

Grêmio foi eliminado apenas duas vezes na história da Libertadores após vencer o jogo de ida (Foto: Reuters)

Números à parte, o técnico Renato Portaluppi valoriza – e muito – o triunfo em casa. Em sua análise, o treinador afirma que o resultado obriga o Lanús a sair para o jogo e correr riscos no La Fortaleza no duelo da volta.

– O mais importante foi que conseguimos uma vantagem. Muita gente acha que é mínima, mas é uma boa vantagem. É uma final. O Lanús não chegou por acaso. Nem o Grêmio. Conseguimos fazer o gol. Temos a vantagem, e o Lanús precisará sair para o jogo e será totalmente diferente – afirmou.

O triunfo dentro de casa confere ao Grêmio a vantagem de jogar por um empate no duelo que pode lhe render o tri da América. Tricolor e Lanús voltam a se enfrentar no segundo jogo da final da Libertadores na próxima quarta-feira, às 21h45, no Estádio La Fortaleza, na Argentina. Se o Granate devolver o placar da Arena, a partida vai para a prorrogação, e pode acabar nos pênaltis.



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