
Cria das categorias de base do Grêmio, o cearense Everton, de 22 anos recém-completados, precisou ser paciente para conquistar o espaço atual e se tornar um dos expoentes do time. Neste domingo, comprovou o bom momento ao marcar dois gols na goleada de 4 a 0 sobre o Brasil de Pelotas, no jogo de ida da final do Campeonato Gaúcho.
O Cebolinha, como é chamado no vestitário, já era uma promessa desde os tempos de Roger Machado no comando. Mas nesse início de 2018 garantiu de vez titularidade, mesmo com a contratação de Alisson para a função. Ao seguir os passos de Pedro Rocha, evoluiu em campo ao ponto de fazer a torcida gremista “esquecer” do ex-dono da função.
A evolução de Everton segue a risca a cartilha do atacante vendido ao Spartk Moscou, com o dedo do técnico Renato Portaluppi. Ex-atacante, o treinador costuma passar dicas preciosas ao garoto.
– O Everton segue a trilha do Pedro Rocha, que tinha alguns defeitos e foi trabalhando. Passamos confiança ao Pedro e deu no que deu. O Everton tem as mesmas características. Dou conselhos, falo para usar as ferramentas. Ele tem velocidade – explicou Renato, em entrevista coletiva após a partida na Arena.
Dicas de Renato
Para buscar a evolução de Everton, Renato precisou alterar questões táticas no garoto, como a movimentação e a postura em campo. As dicas do chefe reduziram o número de impedimentos do pupilo e ainda aumentaram as chances de gol – já acumula três na temporada, em 13 partidas disputadas.
– Ele ficava de costas para zaga antes e perdia chances. Ficava impedido. Era o que ocorria com o Pedro Rocha. Evoluiu bastante. Cresce a cada partida e consegue gols importantes. Faz o que aconselho. É importante para ele – completou o treinador.
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Everton se tornou “discípulo” de Pedro Rocha (Foto: Lucas Uebel / Grêmio, DVG)
Foram em duas escapadas, aliás, que Everton chegou aos gols contra o Brasil. O primeiro saiu com poucos segundos do segundo tempo, ao receber passe de Jael entre as linhas da defesa. Já aos 25, aproveitou passe de letra de Jael para ingressar com total liberdade na área. E o fez como manda o chefe: de frente para a meta. No final, ainda acertou uma bola na trave.
– Fui feliz ano passado em fazer gols decisivos. Hoje, tive a felicidade novamente. Acho que no começo do ano, em alguns jogos, desperdicei. Trabalhei esse tempo para poder concluir quando viesse a ter a oportunidade. Fui feliz em duas, a outra pegou na trave – comentou o atacante.
Corneta para o rival?
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A fase é tão boa que o garoto se permite até cornetear o rival. Ao comemorar o primeiro gol, Everton colocou as mãos no rosto e olhou para as cadeiras como se estivesse com um binóculo. Uma clara referência à comemoração de D’Alessandro em um clássico Gre-Nal de 2013, disputado em Caxias do Sul e que terminou empatado em 2 a 2.
Dias antes, Renato, que também era o treinador gremista à época, havia dito que “alguns clubes jogavam bonito, mas que só viam o Tricolor na tabela do Brasileirão de binóculo”. O argentino aproveitou o gol marcado para rebater a provocação na comemoração.
Longa espera
Everton foi lançado no grupo principal do Grêmio em 2014, por Enderson Moreira. Naquele ano, foram dois gols em 14 jogos – números que só cresceram desde então (confira na tabela abaixo).
Everton pelo Grêmio
Temporada | Jogos | Gols |
2014 | 14 | 2 |
2015 | 28 | 5 |
2016 | 49 | 8 |
2017 | 61 | 12 |
2018 | 13 | 3 |
Sob o comando de Renato, desde 2016, Everton começou como reserva imediato de Pedro Rocha e se tornou um importante 12º jogador. Saiu do banco de reservas, por exemplo, para anotar um dos gols na vitória por 3 a 1 sobre o Atlético-MG, no jogo de ida da decisão da Copa do Brasil.
Após a saída de Pedro Rocha, na janela do meio do ano, seguiu como alternativa a Fernandinho. Mesmo suplente, foi o atleta gremista com maior número de jogos em 2017. Ainda anotou 12 gols, sendo o mais importante na semifinal do Mundial de Clubes, na vitória por 1 a 0 contra o Pachuca.