Para terminar a primeira parte do Brasileirão “no bolo da frente”, como diz o técnico Renato Portaluppi, o Grêmio terá de superar adversários complicados antes da parada do campeonato para a Copa do Mundo. O roteiro tricolor começa com o confronto direto com o Fluminense de Abel, quarta-feira, na Arena. Neste jogo, Renato contará com a volta de Luan ao time, mas terá o desfalque de Léo Moura, que sentiu dores musculares.
No domingo, contra o Bahia, em Salvador, a grande novidade pode ser o retorno do Arthur, em fase final de recuperação de lesão. Depois, vem o milionário Palmeiras de Roger Machado, que, ainda que enfrente dificuldades, sempre é um adversário a ser temido.
A sequência do Grêmio antes da Copa também inclui um confronto com o eficiente América-MG comandado por Enderson Moreira e o Sport, em Recife, que será um jogo especial para o centroavante André. Veja como será o caminho para se manter na parte de cima da tabela.
1) A gurizada de Abel
Boa parte do sucesso do vice-líder Fluminense neste Brasileirão se deve a Abel Braga. Apesar de algumas turbulências, como a saída do diretor de futebol Paulo Autuori nesta segunda-feira, o técnico serviu de escudo da diretoria para a reformulação de uma equipe com sérias restrições financeiras.
Com o clube endividado e obrigado a liberar medalhões como Henrique Dourado e Diego Cavalieri para reduzir a folha salarial, a saída foi apostar na gurizada: a média de idade do grupo é de 23 anos. Um deles, em especial, tornou-se o destaque do time. Com 13 gols na temporada, o centroavante Pedro, 20 anos, é o artilheiro do time no ano e impressiona pela técnica dentro da área.
Outro mérito de Abel foi reorganizar o time no esquema 3-5-2, o que deu boa proteção para a defesa e rápida saída para o ataque, como conta Bernardo Coimbra, editor do jornal O Globo:
— O Abel foi fundamental para este recomeço. Ele tem esta coisa de paizão, fez a molecada assimilar o esquema que ele queria implantar. Se fosse outro técnico, talvez não tivesse a mesma paciência. O crescimento do Pedro passa por isso, é um jogador que no ano passado não tinha espaço, mas está amadurecendo e fazendo gols de cabeça, no chão. É uma grande aposta do clube — avalia Coimbra.

2) Bahia forte em casa
O Grêmio enfrentará no domingo um Bahia que fez da Fonte Nova um de seus trunfos este ano. A equipe de Guto Ferreira perdeu só uma vez em casa, há quatro meses, na estreia da Copa do Nordeste, para o Botafogo-PB.
Na última rodada, goleou o Vasco por 3 a 0 e deixou a zona do rebaixamento do Brasileirão. Dois destaques da equipe, segundo o repórter Lucas Cezar, da Super Rádio Cristal de Salvador, são os meias Zé Rafael e Régis.
— O Zé Rafael vem em grande fase. Não iniciou o ano bem, mas recuperou o bom desempenho e já é o artilheiro do Bahia neste ano. Ainda que tenha ficado no banco, o Régis tem velocidade, técnica e a confiança do Guto — observa Cezar.

3) Palmeiras instável
Ainda que tenha garantido a melhor campanha da Libertadores e tenha um grupo repleto de estrelas, o Palmeiras passa por momentos de turbulência. Após perder em casa para o Sport no final de semana, Roger Machado voltou a conviver com a pressão da torcida.
Antes da parada do Brasileirão para a Copa, o técnico não poderá contar com o centroavante Borja, convocado pela Colômbia para o Mundial, e o meia Guerra, que ficará três meses fora por lesão. Também por isso, o treinador trata de buscar novas opções no elenco.
— O maior desafio do Roger é achar um equilíbrio entre o meio-campo e o ataque. Como o Lucas Lima não vem rendendo, ele está testando o jovem Hyoran. Na frente, ele deve dar sequência ao trio Keno, Dudu e Willian — explica Francisco De Laurentiis, repórter da ESPN.

4) Longevidade de Enderson
De breve passagem pelo Grêmio em 2014, Enderson Moreira é hoje o técnico mais longevo entre os 20 da Série A. No comando do América-MG desde julho de 2016, foi rebaixado no primeiro ano e conquistou o título da Série B em 2017.
Como resultado do trabalho a longo prazo, o time hoje tem sua melhor largada na elite do Brasileirão: 10 pontos em sete jogos. Segundo Karina Amélia, repórter da Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte, o grande destaque do time é o meia Serginho, que veio do Santos.
— É o camisa 10 da equipe. Entrou, virou titular e não saiu mais do time — conta a jornalista.

5) André reencontra o Sport
Ainda se adaptando o Grêmio, André terá, antes da parada do Brasileirão para a Copa, um reencontro especial. Após deixar o Sport de forma conturbada, o centroavante voltará pela primeira vez à Ilha do Retiro com as cores de outro clube.
Desde que o camisa 90 foi vendido, muito mudou: Nelsinho Baptista deu lugar a Claudinei Oliveira, que reabilitou um time que parecia destinado a brigar contra o rebaixamento.
— Ao contrário do Nelsinho, que mudava três ou quatro jogadores a cada partida, o Claudinei optou por montar uma base. Ele definiu um padrão tático e apostou na repetição. Por isso, o time encorpou — avalia Filipe Farias, repórter do Jornal do Commercio, de Recife.