Foto: Wesley Santos

Zagueiro que chegou ao Grêmio com ar desconfiado por parte da torcida e hoje consolidado em uma parceria quase intransponível com Geromel, Walter Kannemann poderia se definir com inúmeros adjetivos. Mas escolheu por “simples”, em entrevista em junho do ano passado à Grêmio TV. Com tal simplicidade, agregada ao estilo aguerrido em campo, completa nesta quarta-feira 100 jogos com a camisa tricolor.

Na partida das 19h15 contra o Defensor, na última rodada da fase de grupos da Libertadores, o argentino fecha um ciclo que se iniciou em julho de 2016, quando foi anunciada sua contratação junto ao Atlas, do México. Estreou somente no dia 24 de agosto, com vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-PR, no primeiro jogo das oitavas de final da Copa do Brasil. Justamente o começo da campanha que terminaria com o fim do jejum de títulos a nível nacional do clube.

Kannemann pelo Grêmio

  • 99 jogos
  • 2 gols marcados
  • 32 cartões amarelos
  • 1 cartão vermelho
  • 4 títulos (Copa do Brasil, Libertadores, Recopa e Gauchão)

Há quase dois anos em Porto Alegre, Kannemann caiu rapidamente nas graças da torcida por seu estilo combativo. A marcação aos centroavantes com a perna esticada para afastar a bola antes de ela chegar no adversário virou marca registrada. O empenho em campo também, a ponto de ser apelidado de “Cãonnemann” pela torcida.

Em 2017, duas imagens ampliaram ainda mais o status de Kannemann junto aos gremistas. No empate em 0 a 0 com o Corinthians, em São Paulo, pelo Brasileirão, a foto de uma disputa de bola com o centroavante Jô viralizou nas redes sociais pelo “voo” do argentino. Na semifinal da Libertadores, um vídeo que mostra o “ritual” do zagueiro no túnel de acesso ao Estádio Monumental de Guayaquil, antes da vitória por 3 a 0 sobre o Barcelona, mostra o espírito levado ao gramado

No último domingo, no 0 a 0 com o Paraná, em Curitiba, Kannemann se envolveu em outro lance forte. Após cobrança de escanteio, saltou no segundo andar para tentar a cabeçada. Mas acertou somente a testa do goleiro Thiago Rodrigues. Os dois sofreram cortes na testa. Nem por isso saíram de campo.

Fato semelhante ocorreu na vitória por 2 a 0 sobre o Goiás, nas oitavas de final da Copa do Brasil. Desta vez, porém, o choque foi com o companheiro Bruno Cortez. O gringo levou a pior e ainda brincou que saiu com mais pontos que a equipe. Em 2017, outro “fogo amigo” custou dois dentes ao volante Ramiro, que foi atropelado pelo zagueiro na goleada por 5 a 0 sobre o Sport.

Simplicidade, basquete e pagode

No título do Gauchão, Geromel e Kannemann repetem foto característica nas conquistas (Foto: Lucas Uebel/GREMIO FBPA)

No título do Gauchão, Geromel e Kannemann repetem foto característica nas conquistas (Foto: Lucas Uebel/GREMIO FBPA)

Na tarde seguinte ao Penta da Copa do Brasil, em 2016, Kannemann andava de carro pela Avenida Goethe, uma das mais movimentadas de Porto Alegre, e prendeu a mão na buzina ao ver um grupo de gremistas que faziam churrasco no canteiro. Quando perceberam a saudação, os torcedores correram atrás para tirar uma selfie com o zagueiro no meio do trânsito.

Em entrevista à Grêmio TV, em junho de 2017, o defensor justificou a alegada “simplicidade”. Contenta-se a viajar até Monte Caseros, cidade-natal no interior da Argentina, para reencontrar familiares e amigos. Vem daquela região – que tem o costume do Carnaval – o gosto pelo samba, evidenciado em vídeos compartilhados na internet após os títulos recentes.

Adepto do chimarrão e do carteado nas horas livres, revelou o gosto pelo basquete como um dos esportes preferidos. Tem como ídolo o compatriota Manu Ginobili, do San Antonio Spurs. Na televisão, pegou gosto pelos programas de reformas de casas e, a nível intelectual, dos poucos livros que leu cita “A História da Matemática”, de Anne Rooney, e “Uma Breve História do Tempo”, do físico britânico Stephen Hawking.

Com a seriedade dentro de campo – e a descontração fora dele –, Kannemann completa na noite desta quarta-feira o centésimo jogo com a camisa do Grêmio. O Tricolor enfrenta o Defensor na Arena pela última rodada da fase de grupos da Libertadores. De contrato renovado até 2020, segue titular absoluto e chegou a sonhar com a Copa do Mundo, mas acabou preterido por Jorge Sampaoli, técnico da Argentina.



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