Um a um, os gremistas adentram o vestiário dos visitantes do estádio La Fortaleza, horas antes da grande decisão da Libertadores, com o olhar compenetrado, de foco total na final contra o Lanús… Até deparar com uma surpresa capaz de desarmar até os atletas mais tarimbados. Ali, em cima do uniforme para a partida, repousava uma carta com uma mensagem de seus familiares.
A estratégia foi arquitetada pela comissão técnica de Renato Portaluppi sem o conhecimento dos atletas, para servir como um último incentivo para os 90 minutos que renderam ao clube o tri da América. O resultado, claro, foi para lá de eficaz. O Tricolor viveu uma atuação de gala em uma das noites mais emblemáticas de sua história e venceu o Granate por 2 a 1 para levar a taça do continente a uma recepção calorosa, com carreata pelas ruas de Porto Alegre e festa na Arena.
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Emocionado, Léo Moura exibe a carta que recebeu de Bella, guardada como relíquia ao lado da medalha do Tri (Foto: Eduardo Deconto)
Léo Moura, por exemplo, recebeu uma carta escrita por sua filha Isabella, com um coração circundando o voto de afeto ao pai, ao lado dos dizeres: “Grêmio campeão da Libertadores”. A mensagem, claro, levou o lateral-direito às lágrimas não só no vestiário, mas em entrevista concedida ao GloboEsporte.com, na última sexta-feira.
– Isso aqui (a carta) estava em cima de cada roupa, da camisa do Grêmio. Você chega tão focado, tão concentrado e tem a carta dos filhos, outros de familiares. Isso quebra qualquer concentração que pode imaginar. Te dá um gás a mais. Eu recebi a carta escrita pela Bella, que representa o Lucca, a Duda, minha esposa, enfim, a minha família, e isso foi um combustível a mais. A gente também colocou na cabeça de cada jogador quando fechou a roda e pôde falar que havia pessoas no Brasil que estavam torcendo por nós – disse o lateral-direito.
“Papai, queremos dizer que para nós, você já é um vencedor. Obrigada por ser este grande ídolo que por onde passa dá o seu melhor. Temos muitoooo orgulo de você. Deus abençoe vocês nesse jogo e que vocês voltem com esta taça nas mãos. Te amamos, pai!”. (De Bella, Duda e Lucca, ao Léo Moura)
Bruno Cortez, por sua vez, recebeu uma carta escrita pela esposa Juliana, com a lembrança de que já era um campeão para ela e para os filhos Pablo e Noah. O lateral-esquerdo também se emocionou com a mensagem, claro.
– No momento em que cheguei ao estádio, recebi a carta da minha esposa, dizendo que já era um campeão para eles, e a minha família sempre vai estar me apoiando, e confiavam em mim. Eu sabia que tinha uma responsabilidade muito grande, porque estava dentro do campo representando a minha família. E também os 10 milhões de gremistas que estavam torcendo para a gente. Me dá mais força – ressalta.
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Além das cartas da família, os gremistas foram energizados pela preleção de Renato Portaluppi, minutos antes da final. E pelas palavras finais do capitão Pedro Geromel.
– O Renato falou: “gente, chegou o momento de vocês entrarem para a história”. É o que ele sempre fala. Não adianta todo mundo elogiar nosso time se não ganhar o título. O próprio Geromel falou antes de entrar em campo, que a gente pudesse entrar em campo pelos nossos familiares, que a nossa família estava esperando a nossa volta. E qual era o jeito que a gente queria ser recebido pelos nossos filhos, pelas nossas esposas? Chorando ou felizes? – conta Cortez.
Gestor de grupo de mão cheia, Renato Portaluppi costuma usar mensagens da família como um meio de dar a motivação final aos seus atletas. No ano passado, o treinador levou os familiares à concentração gremista antes da decisão com o Atlético-MG, que rendeu ao clube o penta da Copa do Brasil, título que encerrou o jejum de 15 anos sem conquistas nacionais.