Foto: Defensor-UY / Divulgação / CP

Caso seja contratado pelo Grêmio, o uruguaio Gonzalo Carneiro, além de fazer gols terá que colocar fim a um tabu que acompanha o Tricolor nos últimos anos: atacantes vindos do país vizinho não têm, recentemente, deixado boas lembranças e nem despertado a saudade dos torcedores. Na história de 114 anos do Tricolor, nove jogadores foram contratados do Uruguai, país que tem profundas raízes com o Rio Grande do Sul e com o estilo de jogo do Grêmio, mas poucos tiveram desempenho reconhecido, outros atuaram poucos e uns nem vestiram a camisa tricolor.

Grêmio vira base da seleção uruguaia

Em 1916, a Celeste Olímpica, apelido obtido 12 anos depois de vencer a modalidade nos jogos de 1924 e 1928, enfrentou o Grêmio na Baixada, antigo estádio tricolor no bairro Moinhos de Vento. A partida terminou com uma virada de 2 a 1, mas também serviu para o clube se reforçar com quatro jogadores do Uruguai.

Um ano depois, o volante Julian Bertola chegou a Porto Alegre com mais três companheiros de seleção: o zagueiro Eduardo Garibotti e os atacantes Nicanor Rodriguez e Eduardo Behegaray. Naquele ano, o Grêmio foi arrasador: disputoi 18 jogos na temporada, venceu 16 e empatou dois. Campanha invicta. Não há registro de como foi o rendimento dos atletas que representavam o seu país e atuavam no Tricolor gaúcho.

Em 1998, Sebástian “Loco” Abreu jogou sete partidas pelo Grêmio e marcou um gol – Foto: Ricardo Giusti / CP memória

Uruguaio devolve a alegria aos torcedores

Nos anos 30, Fabio Castillo teve passagem apagada pelo Grêmio e, em 1935, trocou o clube pelo arquirrival Inter, sendo o primeiro uruguaio a mudar de time entre os tradicionais adversários. No Colorado acabou tricampeão gaúcho.

Em 1944, Ramón Castro disputou 29 jogos com o Tricolor marcou 30 gols, e foi peça fundamental num clássico emocionante. O Grêmio vinha de duas derrotas em Gre-Nais quando entrou em campo na Baixada. E o resultado do primeiro tempo foi desanimador, pois perdia por 3 a 0. Na volta do intervalo, logo a três minutos, Castro descontou. Em seguida, Bentevi fez o segundo. O terceiro e de empate também foi marcado pelo uruguaio.

Marcelo Lipatín disputou 19 partidas com o Grêmio e marcou três gols – Foto: Roberto Vinícius / CP memória

Atacantes que não deixaram saudade

No trágico ano de 1991, quando ocorreu a primeira queda para a segunda divisão do futebol brasileiro, Nestor Luiz Marquez Terra, conhecido como Marquez, teve passagem apagada marcando apenas dois gols em um amistoso contra o Avenida, no estádio dos Eucaliptos.

Em 1988, o Grêmio contratou o desconhecido Washington Sebastián Abreu Gallo, de 22 anos. Cabeça raspada, golas levantadas e pouco futebol. Loco Abreu, apelido com que fez história nos 30 clubes por onde passou disputou sete partidas pelo Grêmio. Marcou apenas 1 gol. Acabou devolvido ao Deportivo La Coruña, da Espanha.

Richard Javier “Chengue” Morales atuou em seis partidas e marcou um gol – Foto: Diego Vara / CP memória

Se um uruguaio estava presente no primeiro rebaixamento, outro esteve na campanha que retirou o Grêmio da Segundona em 2005. Marcelo Lipatín López, de 28 anos na época, foi contratado junto ao Bari, da Itália, para ajudar no retorno à elite do futebol nacional. Entretanto, teve o rendimento contestado, Atuou em 19 partidas e fez apenas três gols.

A invasão de torcedores a um treinamento do Flamengo, na Gávea, mudou o destino do uruguaio Richard Javier “Chengue” Morales. Com medo da violência, o jogador optou por aceitar a proposta do Grêmio. Com a camisa tricolor foram seis partidas e um gol.

Braian Rodriguez atuou 29 vezes e marcou três gols com a camisa do Grêmio – Foto: Fabiano do Amaral / CP memória

O último uruguaio atuar pelo Grêmio, Braian Rodriguez, foi contratado pelo atual presidente Romildo Bolzan Júnior. Era o primeiro ano da gestão Romildo. Braian, então com 28 anos, chegou em março de 2015. A responsabilidade era grande: substituir os artilheiros Marcelo Moreno e Barcos. Entretanto, não teve bom rendimento e sofreu com as críticas de parte da torcida. Foram somente dois gols em 28 jogos.

Carneiro tem 22 anos e é chamado no Uruguai de “La joya”. Formado na base do Defensor, o centroavante é considerado pela mídia local como um atleta de movimentação, bom cabeceio e que, em breve, deve figurar na Celeste.

• Confira os atacantes uruguaios com passagem pelo Grêmio

Nicanor Rodriguez – 1917

Eduardo Behegaray – 1917

Fabio Castillo – 1935

Ramon Castro – 1944/1945 – 29 jogos e 30 gols

Zunino – 1954/1955 – 59 jogos e 26 gols

Jorge Oyarbide – 1968 / 69 – campeão gaúcho – 32 jogos e 1 gol

Márquez – 1991

Sebastián “Loco” Abreu – 1998 – 7 jogos e um gol.

Richard Javier “Chengue” Morales – 2008 – seis partidas e um gol

Marcelo Lipatín López – 2005/2006 – 19 jogos e três gols

Brain Rodriguez – 2015 – 27 jogos e dois gols



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