A noite era de Copa Libertadores. Mas lembrou muito tempos distantes, de Campeonato Gaúcho. Seja na postura do adversário ou na qualidade das instalações do Estádio Luís Franzini, o Grêmio passou por uma experiência típica do estadual no empate em 1 a 1 com o Defensor, em Montevidéu, na estreia no Grupo 1 da Libertadores. A simplicidade do contexto foi a percebida durante toda a estadia no Uruguai: pessoas tranquilas, sem cerimônias, prestativas e receptivas.
A relação também vale muito no que diz respeito à mobilização da torcida e imprensa. Afinal, estava ali o atual campeão da Libertadores. As atenções não são as mesmas que Nacional ou Peñarol recebem, claro, mas a demanda de profissionais no jogo era muito maior do que usualmente o clube uruguaio está acostumado.
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O Defensor mudou sua forma de jogar e respeitou demasiadamente o Grêmio. Formou uma linha de cinco zagueiros, outra de quatro meio-campistas e esperou. O Grêmio teve a bola, como na maioria dos jogos do Gauchão, mas não conseguiu criar possibilidades para fazer o gol no primeiro tempo – algo que já ocorrera também nos dois jogos da Recopa, contra o Independiente. Pouquíssimos embates em campo terminaram em discussão e os “bolinhos” tradicionais de jogadores, talvez pela ausência de uma veia decisiva no jogo.
– O problema é falta de espaço. O adversário coloca um monte de jogadores na meia-lua. Fica difícil. Independente da qualidade técnica. Tem pouco espaço entre a defesa deles e o goleiro. É ter paciência. Não é o problema de treinar. A gente treina. Principalmente se tratando de Campeonato Gaúcho. No Gaúcho é difícil. Você não pode precipitar as coisas. Perde a bola e toma o gol no contra-ataque – atenuou o técnico Renato Gaúcho.
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Em situações típicas de jogos assim, o centroavante rival, no caso Germán Rivero, brigou muitas vezes sozinho contra a defesa gaúcha. Travou duelo quase particular com Kannemann, levando vantagem em algumas ocasiões, algo raro na atual fase do argentino. Resultado: uma primeira etapa morna, com raras emoções.
O gol gremista saiu após muita pressão e as trocas ousadas de Renato. Novamente, um cenário já visto no Gauchão. Alisson e Jael entraram, com Cícero mais recuado, na vaga de Jailson, e Alisson pela meia direita, com Ramiro na lateral.
No lance, Maicon tentou passe vertical para Jael, que disputou com a defesa e sofreu carga faltosa – ignorada pelo juiz. O próprio capitão aproveitou a sobra para escorar para as redes e abrir o placar. Passaram poucos minutos até Maulella aproveitar erro da defesa gremista em jogada ensaiada e jogar um banho de água fria nos gremistas.
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Sem banho e coletivas com “parrilhada”
A distância das arquibancadas para o campo também era pequena, com a proximidade da torcida com os bancos de reservas e também com o gramado, este separado por uma tela. Após o gol de empate de Maluella, o zagueiro Nicolás Correa pediu para os torcedores descerem do alambrado por conta da segurança e eventuais punições futuras. Foi atendido. Após o jogo, Renato e Eduardo Acevedo trocaram um abraço cordial no meio do campo, antes dos cumprimentos à arbitragem.
Ao final da partida, o clima de jogo pequeno em plena Libertadores mostrou outras nuances. Correa estava com o filho jogando bola no gramado do estádio. Ao final do corredor, estavam as famílias dos atletas confraternizando entre todos, com os próprios protagonistas do espetáculo por ali. O que é feito nas antessalas da Arena, por exemplo, na calçada da rua.
Água, por sinal, foi o que os jogadores não viram após o jogo. Para beber, o estoque estava cheio. Mas para tomar banho, não se sabe. O Tricolor já havia estabelecido que iria para o hotel logo após a partida, por conta das condições ruins do vestiário. Aí entra a segunda parte do “jogo de Gauchão”: o estádio Luís Franzini.
A saída rápida ocorreu apenas depois da entrevista coletiva de Renato, realizada no restaurante do estádio, que fica em um complexo pequeno do Defensor também com quadras para escolinhas de futebol e piscina para os sócios. Com uma “parrilla” de fundo, que estava em pleno funcionamento no dia anterior, Renato e Maicon fizeram suas análises do jogo e foram seguidos pelo técnico do Defensor. As cadeiras de plástico fechavam o “clima raiz”.
Um setor totalmente fechado, atrás de um dos gols, ficavam torcedores do Defensor. Quando esteve naquela meta, o goleiro Reyes pediu duas vezes o tempo do jogo para eles e foi atendido. Em uma lateral, próxima do vestiário visitante, estavam os torcedores do Grêmio. Que viveram uma noite também de Gauchão por conta das condições dentro do estádio. Houve, inclusive, uma rifa no intervalo.
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Do outro lado, os uruguaios se aglomeravam atrás dos bancos de reservas das equipes e lotavam um pavilhão. Atrás do gol, estava a barra brava do Defensor, que não chegou a lotar o espaço destinado a ela. Os xingamentos no segundo tempo foram constantes com os tricolores, e rebatidos no mesmo tom.
A deleção do Grêmio chegou e desceu novamente na rua, isolada pela polícia uruguaia e apenas com torcedores do clube por perto, antes de entrar ao acanhado vestiário. O espaço era muito pequeno e não acomodava toda a delegação. Após o jogo, a saída foi em menos de 30 minutos, porque foi considerado que não havia condições do elenco tomar banho por ali.