Ainda não há qualquer previsão de retorno do público aos estádios brasileiros. Mas quando isso ocorrer, a Arena do Grêmio acredita que estará bem preparada para receber os torcedores. A administração do estádio gremista já estuda alguns protocolos e torce por uma reabertura em um futuro não muito distante.
Em entrevista exclusiva ao ge, o diretor de operações da Arena, Paulo Rossi, detalhou as dificuldades econômicas enfrentadas em meio à pandemia, da paralisação total do futebol ao retorno com estádios vazios. Também falou sobre os cuidados com o gramado no período e o que o torcedor pode esperar quando retornar ao estádio, assim que isso for possível.
– Já nos preparamos para o futuro. Não temos uma definição clara se vamos voltar a receber, mesmo que parcialmente, público. Procuramos nos antecipar. No período de isolamento total, estávamos pensando no retorno sem público. Agora, planejamos o retorno dos jogos com público limitado – projeta Rossi.
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Diretor de operações da Arena do Grêmio, Paulo Rossi — Foto: Divulgação/Arena do Grêmio
Ainda não há aval das autoridades para a volta do público aos estádios – a maioria dos governos estaduais e municipais é contra a liberação em um futuro próximo, ainda que parcial. Recentemente, os clubes trataram da questão em reunião na CBF após liberação da prefeitura do Rio de Janeiro. O governo federal aprovou um estudo da entidade que cita uso de 30% da capacidade dos estádios.
Se for esse o percentual definido, a Arena poderia receber cerca de 16,7 mil torcedores numa eventual reabertura – a capacidade oficial do estádio de 55.662 pessoas. E embora ainda não tenha nenhuma previsão de quando isso irá ocorrer, Rossi já estuda como acomodar esse contingente com segurança. Alguns protocolos já estão são debatidos, entre eles:
- Entrada exclusiva para cada setor. Rampa Oeste para setor Oeste, por exemplo;
- Sem venda presencial de ingressos para evitar aglomerações;
- Restrição de circulação na esplanada da Arena;
- Sistema de vendas de alimentos e bebidas por aplicativo, sem uso de dinheiro.
— Estamos estudando protocolos mundo afora. Bundesliga, futebol americano, que já retomaram com público, para formatar a operação. Limitando uma ocupação a percentual por setor. Acesso, distribuição, alimentos e bebidas, vendas de ingressos, evacuação. Sempre com o foco da garantia da saúde dos torcedores — explica Rossi.
A Alemanha foi um dos primeiros países a permitir o retorno da torcida aos estádios em meados de setembro, após seis meses de arquibancadas vazias, com limite de 20% da capacidade. Uma nova onda de casos de Covid-19 no país, no entanto, fez o governo voltar atrás nesta semana.
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Arena em operação sem público — Foto: Grêmio FBPA/Divulgação
Modo “hibernação” e prejuízos
A operação da Arena foi colocada em “hibernação”, como classificou Rossi, logo no início da pandemia no país, com paralisação do futebol, em março. Funcionários foram desligados e somente atividades essenciais, como cuidados com o gramado, por exemplo, foram mantidas.
A média anual de receita da Arena gira na casa dos R$ 20 milhões. A principal fonte, claro, é a venda de ingressos. Em 2020, o estádio recebeu o Gre-Nal pela Libertadores, que rendeu R$ 4 milhões, e outras partidas sem tanto apelo. O resultado disso é um prejuízo que não será recuperado neste ano.
– Foram longos meses sem nenhuma atividade na Arena e permanecemos no formato de hibernação. Agora é um novo formato, com muitas limitações, mas já realizando atividades. Notório que é prejuízo para o nosso caixa. A principal receita é venda de ingressos, estamos acumulando uma série de prejuízos para realizar as partidas, mas estamos mantendo porque é uma questão contratual – diz o diretor.A gente tem uma média de receita que supera os R$ 20 milhões anuais. Tivemos um jogo muito interessante e as outras partidas menores. Permanecendo até o final do ano sem público, é um rombo bem considerável— Paulo Rossi, diretor de operações da Arena do Grêmio
Último jogo com público da Arena, o Gre-Nal da Libertadores, no dia 12 de março, teve mais de 50 mil pessoas presentes e mais de mil colaboradores da Arena em operação. Um cenário bem diferente, por exemplo, do jogo do Grêmio com o América de Cali, pela Libertadores, quando só 42 pessoas do estafe são permitidas pelos protocolos da Conmebol.
Gramado ganhou todos os cuidados
Durante a paralisação das atividades, o gramado da Arena, já criticado até pelo técnico Renato Portaluppi, recebeu todos os cuidados especiais. O cronograma de replantio para a grama de inverno foi mantido, assim como a manutenção. O que garantiu a qualidade para o piso do estádio.
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Gramado da Arena apresentou boa qualidade na retomada — Foto: Lucas Bubols
A partir da maratona de jogos atual, Rossi projeta que ocorrerá haver um desgaste no campo da Arena, mas acredita que o gramado se manterá em boa qualidade até o fim da temporada.
– O jogo agride o gramado. Então como estávamos fazendo os manejos e não tendo jogo, chegou a uma situação excelente. Está um tapete, perfeito. Mas sabemos que essa retomada vai concentrar o número, então já tem desgaste. O Grêmio normalmente participa de mais de uma competição, chega nas fases avançadas, imagino que o gramado ao longo do ano caia de qualidade. Nada que comprometa o estilo do time. Talvez com algum desgaste, mas dentro do normal – avalia.
A preocupação com o gramado, porém, não impediu uma iniciativa inédita nos últimos dias. No último domingo, a Arena recebeu pela primeira vez o time feminino do Grêmio. Apesar de não haver obrigatoriedade em contrato, a administração do estádio garante que está sempre aberta para iniciativas como essa, como já ocorreu em outros momentos com times da categoria de base do Tricolor.
– A gente aqui está para atender ao Grêmio. A razão de estar aqui é essa. Vamos sempre atender às demandas do clube. Chegou para nós e avaliamos tecnicamente se era viável. Sempre que podemos, procuramos atender – afirma.