Uma semana depois de ser eliminado da Libertadores quase sem competir, o Grêmio reencontrou o espírito dos mata-matas na vitória por 1 a 0 sobre o São Paulo, na noite desta quarta-feira, na Arena, no primeiro jogo da semifinal da Copa do Brasil. Mesmo longe do desempenho vistoso e de sua própria característica.
É irresistível a comparação com os duelos diante do Santos pela competição continental. A vibração apresentada na noite passada remontou àquele estilo copeiro visto em outros momentos.
É verdade também que a estratégia poderia ter sido drenada no gramado da Arena. Brenner e Luciano erraram lances quase inacreditáveis de frente para o gol de Vanderlei.
A eficiência do Grêmio foi apresentada no ataque, quando Diego Souza colocou na rede a única chance criada. A comemoração veio com uma dose extra de entusiasmo.
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Diego Souza extravasa em comemoração por gol do Grêmio — Foto: Lucas Uebel/GrêmioHá jogos e jogos. O que faltou de competição contra o Santos, teve hoje (quarta). Às vezes não dá só na parte técnica. Você precisa competir. Esperávamos um jogo assim. O importante era não deixar o São Paulo jogar.— Renato Portaluppi
Desde a escolha da escalação até o último minuto em campo, o Grêmio remontou a imagem de um time competitivo, que “não perde na raça, hein!”, como diz Kannemann e um vídeo que viralizou nas redes sociais. A equipe gaúcha conseguiu competir, marcar e correr mesmo em uma atuação abaixo do adversário.
— Temos que ter muita humildade e reconhecer a qualidade técnica do São Paulo. E o Grêmio numa jornada de superação, muita competição. Resgatando aquele Grêmio copeiro — apontou o vice de futebol Paulo Luz.
Aliás, Diego Souza e Kannemann foram personagens-símbolo dessa vibração necessária. Além das disputas físicas em suas respectivas funções, estavam sempre a centímetros do árbitro Marcelo de Lima Henrique para contrapor Daniel Alves.
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Kannemann foi exemplo de dedicação em vitória do Grêmio — Foto: Eduardo Moura
Estratégia com Thaciano
Isolada, apenas a vibração não resolve. Mas depois da apatia nos jogos com o Santos, vira uma resposta. Renato surpreendeu com Thaciano justamente para dar mais intensidade ao meio. Abriu mão da qualidade técnica de Ferreira, que mais tarde entraria para fazer a jogada do gol de Diego Souza.
A estratégia foi posta acima do modelo de jogo, características e até protagonismo. O São Paulo teve 69% de posse de bola, trocou mais passes e finalizou mais. O Grêmio, por outro lado, desarmou mais — Kannemann, com sete, foi o líder. E sempre que pode avançou a marcação para o campo rival.
— Estudamos bem o São Paulo, que joga com quatro, muitas vezes cinco no meio-campo. Sou pago para pensar. A estratégia foi colocar o Thaciano ali. Ele nos ajuda bastante, combateu. O São Paulo não teve superioridade. Ninguém conhece melhor os jogadores que o treinador. Foi a estratégia que deu certo — explicou Renato.
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Grêmio marca o São Paulo no campo ofensivo — Foto: Eduardo Moura
A escolha prejudicou Darlan, Matheus Henrique e, principalmente, Jean Pyerre. Mas o coletivo prevaleceu. O objetivo de chegar à final da Copa do Brasil exige adaptações para encarar o líder do Brasileirão. E Renato as admitiu sem qualquer pudor.
Também é verdade que o Grêmio precisar jogar mais. A pressão do São Paulo para recuperar a bola exige uma troca de passes veloz e certeira. A movimentação dos meio-campistas por vezes levou dúvida aos gremistas.
Mas é melhor fazer tudo isso com uma vantagem por 1 a 0 no placar. Se empatar no Morumbi, na próxima quarta-feira, às portas de 2021, o Grêmio estará na final da Copa do Brasil. Após folga de Natal, o elenco volta a treinar no sábado para o jogo com o Atlético-GO, no dia seguinte, pelo Brasileirão.