Foto destaque: Reuters/Amr Abdallah Dalsh

Quem foi ao Zayed Sports City para ver uma goleada do Real Madrid diante do Al Jazira, o primeiro time dos Emirados Árabes Unidos a chegar em uma semifinal de Mundial de Clubes, se frustrou. Os merengues passaram sufoco nesta quarta-feira e fecharam o 2 a 1, com gol de Bale feito aos 36 minutos do segundo tempo. O duelo deixa algumas lições para serem exploradas pelo Grêmio na final de sábado.

Bloco baixo

A estratégia do técnico do Al Jazira, Ten Cate, esteve bem desenhada para todos que estavam no estádio. O time local formou linha de cinco defensores, três jogadores no meio-campo, depois Romarinho, este mais pela esquerda, por vezes também recuando para a linha intermediária, e Ali Mabkhout mais avançados.

Mas não só isso. O Al Jazira se postava todo perto de sua área. Recuava para o campo defensivo e fechava os espaços por dentro. Deu os lados para o Real Madrid, que cruzou inúmeras vezes para a área. Em muitas, levou perigo ao goleiro Ali Khaseif, em noite inspiradíssima – saiu de campo zerado, com o time árabe ganhando por 1 a 0, lesionado.

Al Jazira atuou com bloco baixo na defesa em semifinal  (Foto: Eduardo Moura)

Al Jazira atuou com bloco baixo na defesa em semifinal (Foto: Eduardo Moura)

Falhas na recomposição

A postura defensiva levou a outro ponto. E que foi o principal observado por Alexandre Mendes e pelo analista de desempenho Antônio Cruz. O Real Madrid apresentou falhas na recomposição e esteve exposto ao contra-ataque, especialmente com ligações diretas. Nacho e Varane em várias oportunidades estavam no mano a mano, certamente um risco calculado por Zidane. Mas que só não resultou em maior dano por uma ingenuidade de Boussoufa, à frente da linha da bola na hora do passe de Mabkhout.

– O Al Jazira veio com uma proposta muito defensiva. Encaixotado em uma linha de cinco, uma linha de quatro, só um jogador na frente, explorando os chutões para a frente, as ligações diretas, para tentar um contra-ataque. Dentro daquilo que a gente propõe, o nosso jogo, nós nunca nos colocamos dessa forma. E propositalmente, e evidentemente, nós não vamos nos colocar dessa forma. Vamos tentar enfrentar o Real Madrid de uma forma normal dentro daquilo que a gente propôs o ano inteiro – comentou o auxiliar gremista.

Romarinho aproveitou espaços cedidos pelo  Real Madrid (Foto: Reuters)

Congestionar o meio

A lição mais importante foi dada na defesa. É preciso ocupar muitos os espaços, especialmente aqueles ocupados por Modric e Kovacic (o titular Kroos foi poupado nesta quarta), e impedir as diagonais de Cristiano Ronaldo e Benzema. Isco tentou articular, mas a falta de espaço complicou as investidas do espanhol.

– Qualidade técnica, muita qualidade técnica. Um dos melhores times do mundo. Tentar exercer uma marcação mais forte, um pouco mais à frente, para que não dê muito campo para eles proporem o jogo – analisou Mendes.

Os dois laterais eram geralmente os homens mais abertos no campo. Mas Marcelo, especialmente, envereda muito para o meio, por conta de sua capacidade técnica. O jogo do Real Madrid fluiu bem mais pelo lado do brasileiro do que pelo marroquino Achraf, em uma das suas primeiras aparições com a camisa merengue. É bom lembrar que o time estará reforçado de Carvajal e Kroos e também talvez com Sergio Ramos no setor defensivo para a decisão.

O Real cruzou muitas vezes na área do Al Jazira. Em quase todas, levou perigo, pela qualidade dos seus jogadores. O Grêmio precisa tentar controlar os lados do campo e ter superioridade por ali. Assim, pode bloquear as subidas do Real. Claro que contra tantos jogadores de qualidade, por vezes é difícil.

Marcelo é lateral ofensivo que avança pela ponta ou entra no meio (Foto: Reuters)

Marcelo é lateral ofensivo que avança pela ponta ou entra no meio (Foto: Reuters)

Contra-atacar com velocidade

Retirada a falta de qualidade do Al Jazira – exceção feita ao brasileiro Romarinho, um dos melhores dos 22 jogadores em campo, em grande fase técnica -, o Grêmio pode também observar os espaços na defesa do Real Madrid. O gol saiu em uma jogada que iniciou na esquerda, evoluiu em velocidade pelo meio e acabou pelo outro lado, em uma finalização quase de sinuca do atacante.

Jogando isso para a realidade do Grêmio, Renato pode optar por um jogador de mais velocidade no setor ofensivo. Everton, autor do gol da classificação contra o Pachuca, já foi usado pelo treinador justamente na vaga de Barrios quando o Tricolor precisava de uma evolução com velocidade e tinha o contra-ataque à disposição.

Everton pode ser arma importante para aproveitar os contra-ataques  (Foto: Reuters)

Everton pode ser arma importante para aproveitar os contra-ataques (Foto: Reuters)

O Al Jazira não só fez um como marcou outro gol assim. E deixou os atacantes em muitas oportunidades com condições de armar uma boa transição. Mas faltou a qualidade que no Grêmio sobra em relação aos árabes.

O Grêmio, após o dia de folga e assistir ao jogo, volta a treinar na tarde desta quinta-feira, no horário local. E com a expectativa em alta.



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